quinta-feira, 21 de julho de 2011

Desenvolvimento Ontogênetico da Voz do Adolescente

A voz humana é uma característica intrínseca da espécie. Seu desenvolvimento acompanha o próprio desenvolvimento do ser humano, variando de acordo com a idade, aspectos biológicos, psicológicos e sociais, e por isso, a voz pode ser considerada um fator de identidade individual e uma importante ferramenta da Comunicação.
A WHO (1998)1 define a adolescência como a fase dos 10 aos 19 anos de idade, baseada no aparecimento inicial das características sexuais secundárias, pelo desenvolvimento de processos psicológicos e de padrões de identificação que evoluem da fase infantil para a adulta, e pela transição de um estado de dependência para outro, de relativa autonomia.
A adolescência é um período de desequilíbrio orgânico-funcional. Especialmente o aparelho fonador apresenta um crescimento constante, o pescoço se alonga, a laringe desce, o tórax se alarga e a capacidade vital aumenta. Acontece também, uma mudança na freqüência fundamental da voz, devido ao crescimento da laringe.
A testosterona provoca o aumento da cartilagem da laringe, onde se encontram as pregas vocais — elas então podem se alongar em até 1 centímetro (meninos 1 cm e mennas 4mm). Como a voz se origina da vibração dessas pregas, quando ficam maiores, há mudanças de tom, que fica mais grave.
Pinho (1998) acredita que durante a muda vocal há um acentuado crescimento da laringe, principalmente nos meninos, com angulação da tireóide variando de 90°, nos meninos, a 120 ° nas meninas. A mucosa da laringe perde a transparência, a epiglote achata-se e eleva-se, havendo uma descida da laringe no pescoço e atrofia das amígdalas e adenóides
            Segundo Behlau e Pontes (1993) , o aparelho fonador sofre um crescimento constante, mas não homogêneo da laringe, das cavidades de ressonância, da traquéia e dos pulmões e a muda vocal representa um período de desequilíbrio com alterações de crescimento no pescoço e laringe e a capacidade vital aumenta devido ao desenvolvimento do tórax. Segundo Boone e Mcfarlane (1994), embora todas as mudanças sejam graduais, nos últimos 6 meses do desenvolvimento da muda vocal ocorre um crescimento laríngeo marcante.
Segundo Boone (1996), as alterações da laringe feminina ocorrem devido ao aumento do hormônio estrogênio, as cartilagens e músculos da laringe aumentam imensamente em tamanho. Nos meninos a muda vocal inicia por volta de 10 anos, com o aumento do hormônio testosterona.
Devido a estas alterações ocorre também um desequilíbrio nas pregas vocais, tomando-se demasiadas, com alterações vaso-motoras, e este processo dura de 3 a 6 meses (Veiss, 1950).
No sexo masculino a muda ocorre em torno de 13-15 anos, enquanto no
Sexo feminino em tomo de 12-14 anos; nos dias mais quentes este processo pode se adiantar em até 2 anos e nos dias frio pode retardar mais de 1 ano.
Após o processo da muda, as pregas vocais do menino, aumentam em até 1cm enquanto as da menina em até 4mm. Segundo Kaplan (1960), as pregas vocais atingem nos homens 17-24 mm e nas mulheres 12,5-17 mm.
Fisiologicamente há uma adaptação as novas condições anatômicas, que tem como conseqüência um abaixamento médio da freqüência fundamental em 1 oitava para os meninos, ficando a voz em torno de 130hz e em 2 a 4 semitons para as meninas tornando a voz em torno de 195 Hz Boone (1996 ).
Podem ser encontradas alterações durante o processo da muda. A causa mais comum encontrada segundo Behlau e Pontes (1993) é o medo de assumir a vida adulta, além desta causa psicológica, existem causas funcionais e orgânicas.
Causas Funcionais
· O desejo de manter uma voz de soprano que trouxe sucesso (Seth e Guthric, 1935);
· Algum desvio da fonação no início da muda e depois não se normaliza voluntariamente (Fawcus, 1989);
· Precocidade das alterações vocais, tornando muito consciente o processo da
muda e por isso manter-se com uma voz mais aguda (West, Ansberry e Carr, 1957).;
· Wilson (1991) relata que um tom muito agudo pode ser usado para disfarçar falhas tonais;
· Boone(1987) relata que a maior parte dos indivíduos podem apresentar um tom normal ao tossir ou rir.
            Causas Orgânicas
· Laringe pequena ou voz natural de tenor (Greene, 1980);
· Insuficiência testicular (Gonzàles,1990);
· Atraso no desenvolvimento hormonal (Luchisinger e Arnbold, 1965);
· Assimetrias laríngeas (weiss, 1950)
· Deficiência auditiva profunda (Greene ,1980);
· Doença debilitadora durante a puberdade, ou doença neurológica com hipotonia ou incoordenação das pregas vocais ou da respiração (Aronson,
1980);
· Diafragma laríngeo (Baker e Savetsky, 1966).

Wilson (1991) cita Luchsinger (1965, p.193) que classificou os distúrbios de mutação em meninos de acordo com três formas clínicas:
1. Mutação retardada- As alterações da muda só se estabelecem alguns anos após o período normal;
2. Mutação prolongada - Os sinais clínicos da mudança da voz persistem por alguns anos, ao contrário da normalidade que são poucos meses.
3. Mutação incompleta - A voz não evolui normalmente para uma voz adulta.
O uso continuado do tom agudo da infância é chamado de falsete mutacional. Neste quadro a laringe se encontra em condições orgânicas normais e ha uma constrição dos músculos cricotiroídeos e uma elevação de toda a laringe ( Arnold, 1966 ).
Behlau e Pontes ( 1993 ) complementam a classificação da muda vocal
com mais 2 tipos:
· Mutação excessiva - A voz atinge um tom mais grave que o esperado, geralmente na tentativa do indivíduo se mostrar adulto. Nas mulheres este
quadro pode surgir por problemas endócrinos.
· Mutação precoce - Ocorre por fator orgânico, associado a um amadurecimento sexual precoce.
A voz reflete o desenvolvimento físico e a qualidade vocal reflete as características individuais, e o meio social em que se insere o indivíduo. A literatura descreve um aumento na incidência de disfonia devido a pressões da vida diária e padrões educacionais exigentes. A susceptibilidade psicológica dos adolescentes unida a fatores ambientais, pode ser causa da puberfonia ou muda vocal incompleta, considerada um distúrbio vocal psicogênico, o qual responde de maneira favorável a fonoterapia. Embora raras, as causas orgânicas também devem ser descartadas.
As características vocais encontrada nas alterações da muda vocal são: rouquidão, alteração da freqüência fundamental, alterações de intensidade e
ressonância.
            Durante o processo da muda a voz fica discretamente rouca e instável, com várias flutuações, tendendo a sons graves. As quebras de altura na voz são um fenômeno comum que geralmente desaparecem completamente, após três ou quatro meses.
As disfonias no sexo feminino durante a muda são mais raras, porém no sexo masculino são mais freqüentes, também chamadas de puberfonia. Luchinger e Arnold (1965) fazem um apelo válido de que o estudo formal do canto seja adiado até bem depois da puberdade.
            Geralmente o paciente procura ajuda com mais de 20 anos, depois de ter passado todos os conflitos na adolescência, agora passa por mais um, corpo de homem e voz de menino ou mesmo de mulher se altura vocal estiver muito elevada.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Juramento do Fonoaudiólogo


"Neste momento, ao assumir a profissão de Fonoaudiólogo, obrigo-me solenemente a dedicar meu trabalho à Humanidade, utilizando o domínio desta ciência em todas as suas formas de expressão, prevenindo, orientando e tratando todos aqueles que o necessitem. Respeitarei os segredos que me forem confidenciados. Manteirei, por todos os meios ao meu alcance, a honra de minha profissão.

Não permitirei que considerações de ordem religiosa, de nacionalidade, de raça, de ordem política ou de padrões sociais se interponham entre o meu dever e o meu semelhante e não usarei meus conhecimentos contra as leis humanas.

Faço tais promessas solenemente, livremente sob minha palavra de honra."

sábado, 2 de julho de 2011

Autismo



Encerrado no teu mundo
perfeito e impenetrável
onde é difícil entrar
e interpretar os sinais,
desvendar os teus mistérios,
poder contigo brincar

Crias rotinas de vida
Que não deixas partilhar.
E finges que nem me vês.
No autismo dos teus sonhos
és um menino diferente...
Criança tão especial!

É na leveza das águas
que te soltas, que te entregas
às carícias de um amigo
que, apesar, de ser golfinho,
permites que te dê beijos
que agradeces com abraços

Conheces bem os seus sons
e respondes aos seus estímulos
com um sorriso rasgado
e captas as vibrações,
sabes sua linguagem,
com ele te comunicas.
A mim tu não te revelas,
sou só um simples mortal!

Maria Fernanda Reis Esteves