sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

História das Línguas de Sinais

A maioria das investigações em Língua de Sinais foi influenciada por teorias estruturalistas e inatistas, cujo objetivo era descrevê-las, como sistemas homogêneos, com base nos pressupostos de uma Gramática Universal, a fim de comprovar o seu status de línguas naturais.
Em sua maioria as Línguas de Sinais se desenvolveram principalmente dentro de instituições escolares (internatos).  Algumas delas se propagaram mesmo sob condições de proibição de seu uso.

Língua de Sinais Francesa
Língua de Sinais Americana
Língua Brasileira de Sinais (Libras)
Língua de Sinais Nicaraguense
Língua de Sinais da Nova Zelândia
Língua de Sinais Beduína (ABSL)
Língua de Sinais Israelense
Língua de Sinais da Ilha de Marta´s Vineyard


Língua de Sinais Francesa
Um dos primeiros passos da educação de surdos, no início do século XVIII, partiu da iniciativa Etienne de Fay, um nobre surdo, em criar a primeira escola em que se priorizava o ensino em sinais. Em 1779, é publicado o primeiro livro escrito por um surdo chamado Pierre Desloges. No entanto, foi o abade de L´Épée que, efetivamente, elabora um método a fim de aproveitar os sinais que duas irmãs gêmeas surdas usavam entre si para se comunicar. Com isso, ele cria uma escola em que abriga mais de 70 alunos e onde ensina seu método a outros professores. Após sua morte, Abade Sicard torna-se diretor do instituto e dois de seus alunos surdos, Le Clerc e Massieu, aprendem com ele os métodos de ensino. Entretanto, após viver um período áureo, a educação de surdos sofre a intervenção do Congresso de Milão em 1880, interditando a comunicação dos surdos em
nas associações fundadas pelos surdos ou mesmo em suas casas ou nos pontos de encontros.

Língua de Sinais Americana
de Sinais Americana Velha, pois índios e outros povos já se comunicavam em sinais antes da chegada de Gallaudet.
Em 1815, o francês Laurent Gallaudet vai para os Estados Unidos e funda, juntamente com o pastor americano, Thomas Gallaudet, a primeira escola de surdos. Desta forma, o método de L´Épée é exportado para a América. Em 1986 é inaugurada a Universidade Gallaudet, única universidade própria para surdos. Supõe-se que a Língua de Sinais Americana tenha recebido uma pequena influência do amálgama entre a Língua de Sinais da Ilha de Marta e da LSF, praticadas por surdos de uma escola em Nova York. Wilcox e Wilcox (1997) afirmam que essa língua é a evidência de que, antes de a Língua de Sinais Francesa Velha chegar à América, já existia uma Língua

Língua Brasileira de Sinais (Libras)



A Libras é originada do contato entre a Língua de Sinais Francesa e ou outras Línguas de Sinais de outros países ou Línguas de Sinais Primárias que, provavelmente, já existiam antes da chegada de um professor surdo francês. O professor Ernest Huet foi convidado por Dom Pedro II que instituiu a primeira escola de surdos no Brasil. Assim, nasce o Imperial Instituto dos Surdos-Mudos que abrigava, em regime de meninos surdos com idade entre 7 e 14 anos.
No Brasil, a filosofia oralista também impactou a educação dos surdos. No entanto, mesmo proibida, a Língua de Sinais sobreviveu e se desenvolveu nos ambientes de encontro dos indivíduos surdos. O Imperial Instituto dos Surdos-Mudos foi de extrema importância na propagação da Língua de Sinais em grande parte das regiões brasileiras.

Língua de Sinais Nicaraguense
Segundo Casey (2003, p. 243), até 1979 não havia escolas para crianças surdas na Nicarágua. Esses indivíduos viviam isolados uns dos outros. Somente em 1980, estudantes vieram de várias partes do país para estudar na primeira escola de educação especial. Dentre esses alunos, vários surdos se encontraram trazendo consigo seus próprios sistemas idiossincráticos, gestuais ou caseiros
(Senghas 1995a; Kegl, Senghas e Coppola, 1999).
Embora imperasse o método oralista, havia três sistemas de sinais que

Língua de Sinais da Nova Zelândia
De acordo com Mckee, Mckee e Major (2008), A NZLS faz parte da família da Língua de Sinais Britânica e está intimamente ligada à Língua de Sinais Australiana (Johnston 2000; McKee e Graeme 2000), da qual são emprestados vários sinais.
Como resultado da influência oralista desde os anos 80, a comunidade de surdos usuários de NZLS é relativamente pequena e seu uso não é difundido na educação ou na mídia. Profissionais intérpretes e tutores surdos têm sido ensinados em contextos educacionais comunitários desde 1990 e isso tem se
apresentado um ambiente profícuo de variação linguística.

Língua de Sinais Beduína (ABSL)
O grupo Beduíno Al-Sayyid foi fundado há aproximadamente 200 anos na região de Negev, atual Israel. Atualmente, essa comunidade tem 3.500 membros e há pelo menos cem surdos que, devido ao casamento endogâmico, tem surdez congênita recessiva. Essa peculiaridade tem trazido implicações sociolinguísticas, pois membros surdos e uma fração significativa de ouvintes fazem uso da ABSL (Meir, Padden, Aronoff e Sandler, 2008). Essa língua não tem influência de outras línguas e possui estrutura lexical e morfossintática diferente das Línguas de Sinais utilizadas na região: a Língua de Sinais Israelense e a Língua de Sinais Jordaniana.
Língua de Sinais Israelense
Segundo Meir, Padden, Aronoff e Sandler (2008), a Língua de Sinais Israelense existe há aproximadamente 70 anos e desenvolveu-se em uma situação de pidgin. Os membros imigraram de vários contextos diferentes, trazendo consigo suas línguas ou um sistema de sinais primário adquiridos nos países em que habitavam. Atualmente, coexistem quatro gerações de sinalizantes, ou seja, desde a primeira geração, que contribuiu para os estágios de emergência até a quarta geração, que adquiriu e desenvolveu a língua na configuração atual.
Língua de Sinais da Ilha de Marta´s Vineyard
Por mais de 200 anos, surdos e ouvintes conviveram no isolamento da Ilha de Marta. Da mesma forma que a comunidade Al Sayyid, essa população teve uma incidência de surdez congênita muito alta. Ambos os grupos, surdos e ouvintes, usam Língua de Sinais no uso linguístico cotidiano. Segundo Cameron (2005) , antes do século XVII, membros de uma comunidade que residia em County Kent Weald, na Inglaterra, mudaram para a ilha, trazendo consigo a Língua de Sinais Kent. Essa, por sua vez, se desenvolveu durante os séculos XVII e XVIII e foi denominada Língua de Sinais Chilmark. Somente nos séculos XIX e XX uma combinação dessa língua com a Língua de Sinais Francesa deu origem à Língua de Sinais da Ilha de Marta. Esse contato iniciou em 1817 quando grupos surdos foram introduzidos numa escola em que havia o ensino da Língua de Sinais Francesa. No entanto, essa língua foi extinta, pois a Língua de Sinais Americana ganhou espaço nessa comunidade.
concorriam entre si e eram sistemas de contato fora das salas de aula usados no encontro desses alunos surdos: 1) Linguagem de Sinais Nicaraguense (LSN), uma espécie de pidgin expandido usado por surdos que entraram na escola depois da idade de dez anos; 2) Idioma de Sinais Nicaraguense (ISN) ou Língua de Sinais Nicaraguense, um crioulo da LSN usado por sinalizantes que entraram na escola antes da idade de dez anos; 3) O Pidgin de Sinais Nicaraguense (PSN), sistema de comunicação entre surdos e ouvintes, mistura de dois códigos: o Espanhol falado e um sistema de sinais primário. É defendido que a ISN nasceu da nativização da LSN pelos jovens e por crianças surdas (Kegl e Iwata, 1989; Kegl, Senghas e Coppola, 1999).

Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa

PORTARIA Nº 2.528 DE 19 DE OUTUBRO DE 2006.

                Aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições, e

            Considerando a necessidade de que o setor saúde disponha de uma política atualizada relacionada à saúde do idoso;
            Considerando a conclusão do processo de revisão e atualização do constante da Portaria n° 1.395/GM, de 10 de dezembro de 1999;
            Considerando a publicação da Portaria nº 399/GM, de 22 de fevereiro de 2006, que divulga o Pacto pela Saúde 2006 - Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do referido Pacto; e
            Considerando a pactuação da Política na reunião da Comissão Intergestores Tripartite do dia 5 de outubro de 2006 e a aprovação da proposta da Política, pelo Conselho Nacional de Saúde, por meio do Memorando nº 500/SE/CNS/ 2006,

R E S O L V E:

            Art. 1º Aprovar a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, cujas disposições constam do Anexo a esta Portaria e dela são parte integrante.

            Art. 2º Determinar que os órgãos e entidades do Ministério da Saúde, cujas ações se relacionem com o tema objeto da Política ora aprovada, promovam a elaboração ou a readequação de seus programas, projetos e atividades em conformidade com as diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas.

            Art.3º Fixar o prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da data de publicação desta Portaria, para que o Ministério da Saúde adote as providências necessárias à revisão das Portarias nº 702/GM, de 12 de abril de 2002, e n° 249/SAS/MS, de 16 de abril de 2002, que criam os mecanismos de organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso, compatibilizando-as com as diretrizes estabelecidas na Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa aprovada neste ato.

            Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
           
            Art. 5º Fica revogada a Portaria nº 1.395/GM, de 10 de dezembro de 1999, publicada no Diário Oficial da União nº 237-E, de 13 de dezembro de 1999, página 20, seção 1.

JOSÉ AGENOR ÁLVARES DA SILVA

    A saúde para a população idosa não se restringe ao controle e à prevenção de agravos de doenças crônicas não-transmissíveis. Saúde da pessoa idosa é a interação entre a saúde física, a saúde mental, a independência financeira, a capacidade funcional e o suporte social.
            As políticas públicas de saúde, objetivando assegurar atenção a toda população, têm dado visibilidade a um segmento - os idosos e as idosas com alto grau de dependência funcional -. É possível a criação de ambientes físicos, sociais e atitudinais que possibilitem melhorar a saúde das pessoas com incapacidades tendo como uma das metas ampliar a participação social dessas pessoas na sociedade. Por isso mesmo, é imprescindível oferecer cuidados sistematizados e adequados a partir dos recursos físicos, financeiros e humanos de que se dispõe hoje.


            A regulamentação do SUS estabelece princípios e direciona a implantação de um modelo de atenção à saúde que priorize a descentralização, a universalidade, a integralidade da atenção, a eqüidade e o controle social, ao mesmo tempo em que incorpora, em sua organização, o princípio da territorialidade para facilitar o acesso das demandas populacionais aos serviços de saúde.
            Com o objetivo de reorganizar a prática assistencial é criado em 1994, pelo Ministério da Saúde, o Programa de Saúde da Família (PSF), tornando-se a estratégia setorial de reordenação do modelo de atenção à saúde, como eixo estruturante para reorganização da prática assistencial, imprimindo nova dinâmica nos serviços de saúde e estabelecendo uma relação de vínculo com a comunidade, humanizando esta prática direcionada à vigilância na saúde, na perspectiva da intersetorialidade, denominando-se não mais programa e sim Estratégia Saúde da Família (ESF).
            A Política Nacional do Idoso, promulgada em 1994 e regulamentada em 1996, assegura direitos sociais à pessoa idosa, criando condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade e reafirmando o direito à saúde nos diversos níveis de atendimento do SUS (Lei nº 8.842/94 e Decreto nº 1.948/96).

             Em 1999, a Portaria Ministerial nº 1.395 anuncia a Política Nacional de Saúde do Idoso, a qual determina que os órgãos e entidades do Ministério da Saúde relacionados ao tema promovam a elaboração ou a readequação de planos, projetos e atividades na conformidade das diretrizes e responsabilidades nela estabelecidas (Brasil, 1999). Essa política assume que o principal problema que pode afetar o idoso é a perda de sua capacidade funcional, isto é, a perda das habilidades físicas e mentais necessárias para realização de atividades básicas e instrumentais da vida diária.
            Em 2002, é proposta a organização e a implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso (Portaria nº 702/SAS/MS, de 2002), tendo como base as condições de gestão e a divisão de responsabilidades definida pela Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS). Como parte de operacionalização das redes, são criadas as normas para cadastramento de Centros de Referência em Atenção à Saúde do Idoso (Portaria nº 249/SAS/MS, de 2002).

            Em 2003, o Congresso Nacional aprova e o Presidente da República sanciona o Estatuto do Idoso, elaborado com intensa participação de entidades de defesa dos interesses dos idosos. O Estatuto do Idoso amplia a resposta do Estado e da sociedade às necessidades da população idosa, mas não traz consigo meios para financiar as ações propostas.
            Assim, embora a legislação brasileira relativa aos cuidados da população idosa seja bastante avançada, a prática ainda é insatisfatória. A vigência do Estatuto do Idoso e seu uso como instrumento para a conquista de direitos dos idosos, a ampliação da Estratégia Saúde da Família que revela a presença de idosos e famílias frágeis e em situação de grande vulnerabilidade social e a inserção ainda incipiente das Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso tornaram imperiosa a readequação da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI).
            Em fevereiro de 2006, foi publicado, por meio da Portaria nº 399/GM, o documento das Diretrizes do Pacto pela Saúde que contempla o Pacto pela Vida. Neste documento, a saúde do idoso aparece como uma das seis prioridades pactuadas entre as três esferas de governo sendo apresentada uma série de ações que visam, em última instância, à implementação de algumas das diretrizes da Política Nacional de Atenção à Saúde do Idoso.
            A publicação do Pacto pela Vida, particularmente no que diz respeito à saúde da população idosa, representa, sem sombra de dúvida, um avanço importante. Entretanto, muito há que se fazer para que o Sistema Único de Saúde dê respostas efetivas e eficazes às necessidades e demandas de saúde da população idosa brasileira. Dessa maneira, a participação da Comissão Intergestores Tripartite e do Conselho Nacional de Saúde, no âmbito nacional, é de fundamental importância para a discussão e formulação de estratégias de ação capazes de dar conta da heterogeneidade da população idosa e, por conseguinte, da diversidade de questões apresentadas.
            Cabe destacar, por fim, que a organização da rede do SUS é fundamental para que as diretrizes dessa Política sejam plenamente alcançadas. Dessa maneira, torna-se imperiosa a revisão da Portaria nº 702/GM, de 12 de abril de 2002, que cria os mecanismos de organização e implantação de Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso e a Portaria nº 249/SAS, de 16 de abril de 2002, com posterior pactuação na Comissão Intergestores Tripartite.
            A finalidade primordial da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa é recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde. É alvo dessa política todo cidadão e cidadã brasileiros com 60 anos ou mais de idade.

Considerando:

a) o contínuo e intenso processo de envelhecimento populacional brasileiro;
b) os inegáveis avanços políticos e técnicos no campo da gestão da saúde;
c) o conhecimento atual da Ciência;
d) o conceito de saúde para o indivíduo idoso se traduz mais pela sua condição de autonomia e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica;
e) a necessidade de buscar a qualidade da atenção aos indivíduos idosos por meio de ações fundamentadas no paradigma da promoção da saúde;
f) o compromisso brasileiro com a Assembléia Mundial para o Envelhecimento de 2002, cujo Plano de Madri fundamenta-se em: (a) participação ativa dos idosos na sociedade, no desenvolvimento e na luta contra a pobreza; (b) fomento à saúde e bem-estar na velhice: promoção do envelhecimento saudável; e (c) criação de um entorno propício e favorável ao envelhecimento; e
g) escassez de recursos sócio-educativos e de saúde direcionados ao atendimento ao idoso;

A necessidade de enfrentamento de desafios como:

 a) a escassez de estruturas de cuidado intermediário ao idoso no SUS, ou seja, estruturas de suporte qualificado para idosos e seus familiares destinadas a promover intermediação segura entre a alta hospitalar e a ida para o domicílio;
b) número insuficiente de serviços de cuidado domiciliar ao idoso frágil previsto no Estatuto do Idoso. Sendo a família, via de regra, a executora do cuidado ao idoso, evidencia-se a necessidade de se estabelecer um suporte qualificado e constante aos responsáveis por esses cuidados, tendo a atenção básica por meio da Estratégia Saúde da Família um papel fundamental;
c) a escassez de equipes multiprofissionais e interdisciplinares com conhecimento em envelhecimento e saúde da pessoa idosa; e
d) a implementação insuficiente ou mesmo a falta de implementação das Redes de Assistência à Saúde do Idoso.
            Não se fica velho aos 60 anos. O envelhecimento é um processo natural que ocorre ao longo de toda a experiência de vida do ser humano, por meio de escolhas e de circunstâncias. O preconceito contra a velhice e a negação da sociedade quanto a esse fenômeno colaboram para a dificuldade de se pensar políticas específicas para esse grupo. Ainda há os que pensam que se investe na infância e se gasta na velhice. Deve ser um compromisso de todo gestor em saúde compreender que, ainda que os custos de hospitalizações e cuidados prolongados sejam elevados na parcela idosa, também aí está se investindo na velhice “Quando o envelhecimento é aceito como um êxito, o aproveitamento da competência, experiência e dos recursos humanos dos grupos mais velhos é assumido com naturalidade, como uma vantagem para o crescimento de sociedades humanas maduras e plenamente integradas” (Plano de Madri, Artigo 6º).
            Envelhecer, portanto, deve ser com saúde, de forma ativa, livre de qualquer tipo de dependência funcional, o que exige promoção da saúde em todas as idades. Importante acrescentar que muitos idosos brasileiros envelheceram e envelhecem apesar da falta de recursos e da falta de cuidados específicos de promoção e de prevenção em saúde. Entre esses estão os idosos que vivem abaixo da linha de pobreza, analfabetos, os seqüelados de acidentes de trabalho, os amputados por arteriopatias, os hemiplégicos, os idosos com síndromes demenciais, e para eles também é preciso achar respostas e ter ações específicas.

            São apresentadas abaixo as diretrizes da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa:

a) promoção do envelhecimento ativo e saudável;
b) atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa;
c) estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção;
d) provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa;
e) estímulo à participação e fortalecimento do controle social;
f) formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa idosa;
g) divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para profissionais de saúde, gestores e usuários do SUS;
h) promoção de cooperação nacional e internacional das experiências na atenção à saúde da pessoa idosa; e
i) apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.
           
            Caberá aos gestores do SUS, em todos os níveis, de forma articulada e conforme suas competências específicas, prover os meios e atuar para viabilizar o alcance do propósito desta Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.
            As diretrizes definidas implicam o desenvolvimento de um amplo conjunto de ações, que requerem o compartilhamento de responsabilidades com outros setores. Nesse sentido, os gestores do SUS deverão estabelecer, em suas respectivas áreas de abrangência, processos de articulação permanente, visando ao estabelecimento de parcerias e a integração institucional que viabilizem a consolidação de compromissos multilaterais efetivos. Será buscada, igualmente, a participação de diferentes segmentos da sociedade, que estejam direta ou indiretamente relacionadas com a presente Política. No âmbito federal, o Ministério da Saúde articulará com os diversos setores do Poder Executivo em suas respectivas competências, de modo a alcançar os objetivos a seguir explicitados.

ATUAÇÃO FONOAUDIOLOGICA NA ATENÇÃO À SAÚDE DO IDOSO

            Envelhecer faz parte do processo natural do ser humano e deve ser encarado como algo normal e não uma doença, assim, alterações na comunicação também fazem parte deste processo.

            No envelhecimento podem surgir modificações, dificuldades auditivas e em alguns casos, queixas com relação ao processo de deglutição. Os idosos muitas vezes tardam em perceber, aceitar e tratar suas dificuldades e em conseqüência disto acabam se afastando do convívio familiar e social para evitar situações constrangedoras.

            No processo de envelhecimento, o fonoaudiólogo tem como objetivo detectar quais aspectos pode ocasionar barreiras na socialização do idoso, tentar prevenir doenças, reabilitar, caso estas já estejam instaladas ou adaptar capacidades; mais precisamente no ato de falar e entender o que ouve.

            Muitos aspectos do envelhecimento podem ser entendidos, detectados, prevenidos, adaptados, melhorados, adequados ou mesmo minimizados com a atuação do fonoaudiólogo dentro de uma equipe de saúde interdisciplinar e multiprofissional, objetivando aperfeiçoar a qualidade de vida, comunicação e relações sociais. Lembramos que quanto mais precoce for a detecção de alterações, melhor para o idoso.
            Com a voz o idoso se faz ouvido e respeitado, garantindo seu lugar na sociedade. A alteração vocal é inerente à idade, e deve ser compreendida como parte do processo de envelhecimento normal do indivíduo e não como um transtorno, embora muitas vezes seja difícil estabelecer o que é normal e o que é doença. Pesquisas revelam que um indivíduo que segue as orientações de saúde vocal durante sua vida, pode minimizar as possíveis dificuldades decorrentes do avanço da idade.
            A dificuldade em mastigar e engolir é comum entre grupos de idosos. Em nossa sociedade podemos considerar a situação de alimentação como um ato de socialização, uma vez que todos os eventos sociais estão relacionados a ele, como festas, jantares de negócios, etc. A dificuldade em engolir, além de afastar o idoso de tais situações sociais pode trazer sérios problemas de saúde como desidratação, desnutrição e problemas respiratórios.
            A alteração na capacidade de escrever, falar, ler ou entender o que os outros dizem, muitas vezes é conseqüência de doenças às quais o idoso é mais susceptível. A falta destas habilidades prejudica sobremaneira seu desempenho social, comprometendo sua identidade, auto-estima e qualidade de vida.
           O envelhecimento populacional desafia a habilidade de produzir políticas de saúde que respondam às necessidades das pessoas idosas. A proporção de usuários idosos de todos os serviços prestados tende a ser cada vez maior, quer pelo maior acesso às informações do referido grupo etário, quer pelo seu expressivo aumento relativo e absoluto na população brasileira. Além disso, os idosos diferem de acordo com a sua história de vida, com seu grau de independência funcional e com a demanda por serviços mais ou menos específicos. Todos necessitam, contudo, de uma avaliação pautada no conhecimento do processo de envelhecimento e de suas peculiaridades e adaptada à realidade sócio-cultural em que estão inseridos.
            Faz-se, portanto, necessário que os serviços que prestam atendimento a idosos respondam a necessidades específicas e distingam-se pela natureza da intensidade dos serviços que ofereçam. Cumpre notar que os idosos são potenciais consumidores de Serviços de Saúde e de Assistência. Esse grupo sabidamente apresenta uma grande carga de doenças crônicas e incapacitantes, quando comparado a outros grupos etários. Disso resulta uma demanda crescente por serviços sociais e de saúde.
            A Política Nacional de Saúde para Pessoa Idosa ( PNSPI) visa recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos e para isso propõe medidas coletivas e individuais de saúde em  consonância com os princípios e diretrizes do SUS.
            É importante destacar o amplo e fundamental papel dos fonoaudiólogos na atenção à saúde do idoso, envolvendo a adoção de estratégias que contribuam para a promoção de um envelhecimento saudável em termos de comunicação, minimizando os impactos da presbiacusia e presbifonia, possíveis alterações de linguagem, memória e de deglutição. Entre as ações possíveis, cabe destacar a adaptação de próteses auditivas, a realização de oficinas terapêuticas, de ações educativas e informativas e as intervenções nas questões do equilíbrio, linguagem, voz, alterações na motricidade orofacial e na presença de disfagias.

Ortodontia e Fonoaudiologia

A Fonoaudiologia é uma ciência da comunicação humana que atua em pesquisa, prevenção, avaliação e terapia, cuja especialização está dividida em Linguagem, Voz, Audiologia, Saúde Coletiva e Motricidade Orofacial.
            A especialização de Motricidade Orofacial atua na busca do equilíbrio da musculatura oral e no estabelecimento das funções estomatognáticas, através da terapia miofuncional. O fonoaudiólogo que a trabalha nessa área deve ter alguns conhecimentos e habilidades, como: anatomia e fisiologia pertinentes às estruturas orofaciais e cervicais; compreender fatores contribuintes e causais relacionados aos distúrbios miofuncionais orofaciais e cervicais; compreender os conceitos odontológicos e médicos básicos; compreender inter-relação da fala, voz e os distúrbios miofuncionais orofaciais e cervicais entre outros.
            A Ortodontia é a área da odontologia interessada no crescimento, controle, correção e manutenção do complexo dento - facial, com destaque especial nos distúrbios do desenvolvimento e nas condições que causam ou requerem movimentação dos dentes.
             O tratamento ortodôntico deve seguir premissas básicas de crescimento e desenvolvimento facial, equilíbrio estático do tecido mole e equilíbrio funcional.
            Estas especialidades integram-se ao trabalho de Fonoaudiologia, uma vez que atuam sobre o Sistema Estomatognático. Esse sistema é formado por partes duras e moles, ou seja, passivas e estáticas (arcos osteodentários, maxila, mandíbula e articulação temporomandibular) e ativas ou dinâmicas (unidade neuromuscular) que movimentam as partes estáticas, está sujeito a interferências tanto estruturais como funcionais.
            Atualmente os vários estudos realizados sobre o sistema estomatognático têm contribuído para provar a necessidade da inter-relação das áreas de fonoaudiologia e ortodontia.
            Não basta aos profissionais o conhecimento das estruturas e funções desse sistema, é preciso compreender seu crescimento e desenvolvimento, relacionando suas estruturas e interpretando suas anomalias.
            Funções como sucção, respiração, deglutição, fala e mastigação propicia ao individuo um sistema estomatognático bem desenvolvido e em condições de funcionar em sua plenitude, capacitando-o assim usar este sistema de forma eficiente, contribuindo para o perfeito crescimento e desenvolvimento dos terços médio e inferior da face.
                Em Ortodontia, a duração da força é um fator mais importante que a intensidade. Pressões suaves e contínuas são mais eficazes na mobilização dos dentes que forças intensas e breves. Portanto, a força da língua e dos lábios é um fator que atua na oclusão dental.
            Assim, o fonoaudiológo trabalha a "função" e o ortodontista a "forma", aspectos intimamente intrínsecos. Desse modo o fonoaudiólogo, atuará em conjunto com o ortodontista, realizando um trabalho miofuncional de adequar os órgãos fonoarticulatórios e funções neurovegetativas.
            A Odontologia e a Fonoaudiologia trabalham em conjunto, quando as alterações das funções orofaciais estão, de alguma forma, interferindo no posicionamento dos dentes ou também para a retirada de hábitos bucais parafuncionais.
            Pacientes portadores de problemas periodontais, utilizando próteses dentárias ou implantes, com disfunções das articulações temporomandibulares ou que tenham realizado cirurgias ortognáticas, também podem ser encaminhados para o trabalho conjunto entre estas duas profissões.
            Dentro de qualquer área, especialmente na área da saúde, não há como acreditar que a atuação de um profissional possa acontecer de uma maneira isolada e auto-suficiente.
            Nos dias de hoje é de extrema importância a atuação interdisciplinar, que inclua profissionais da saúde com diferentes áreas de atuação e que estejam integrados em um propósito único de beneficiar, melhorando a qualidade de vida do elemento mais importante deste processo: o paciente.